Uma das coisas que eu mais gosto no Natal é montar a árvore. Em minha casa seguimos a tradição aprendida de minha mãe de colecionar enfeites, ano após ano, cada enfeite representando um momento da nossa vida. Então minha árvore não tem tema. Ou se tem, eu diria que é o tema da vida. Quando eu abro a caixa de natal, é como desembrulhar pedacinhos da memória. A cada pacotinho aberto surge um fragmento de lembrança, como por exemplo as bolas de glitter dourado feitas por mim, que enfeitavam um galho de cipreste tirado (ok, surrupiado) de uma cerca qualquer aqui em Brasília, montado em meu primeiro natal de casada no nosso apartamento da 106 norte. Reencontro as bolas de pano vermelho, também feitas em casa, para o primeiro natal de minha filha em Washington. E os mini ursinhos de pelúcia que fui comprando, um por semana para não pesar no orçamento, na mesma ocasião.
Revejo o presépio comprado no Paraguai com suas peças delicadas de madeira esculpidas por presidiários.
E desembrulho, uma a uma, as peças de tradição napolitana que o complementam, compradas também aos poucos na feira da Befana da Piazza Navona que todos os anos de novembro a janeiro é tomada de barraquinhas de comida e presépios, para alegria das crianças. Dessa época resgato pontes, pequenas casas em ruínas, arvores, pastores e ovelhas, algumas microscópicas para ajudar na ilusão de distância quando colocadas bem alto nas montanhas de papel amassado. Desembalo as bolas pintadas com arabescos dourados que meu filho e eu fizemos no primeiro natal que passamos aqui em Brasília, quando eu catava os cacos de um casamento desfeito.
Revejo a crescente coleção de enfeites de vidro à moda antiga, que começou com um sapinho coroado, presente de minha irmã, e que a cada viagem que faço cresce um pouco mais: são soldadinhos, bonecos de neve e papais-noéis que trazem delicadeza e boas lembranças para a minha árvore.
A idéia de documentar a passagem dos anos com enfeites de natal marcados não é nova, claro. Minha mãe colecionou durante muitos anos os ursos da Harrods, cada um com uma roupa mais fofa que o outro, e o ano bordado no pé. Mas isso é uma estória para um outro post. Na Linum, desde sempre temos a tradição de, a cada ano, produzirmos um enfeite diferente. Já fizemos ratinhos, bonecas, ursos, almofadas bordadas, cones natalinos, sempre uma nova ideia, nenhum igual ao outro, e todos com o respectivo ano gravado. Para 2020, enchemos a loja de pequenos mimos. São caixinhas de presentes, mini-pinheiros para enfeitar a mesa, e os personagens inspirados na estória do Quebra-Nozes, o tradicional balé de Natal que atiça a imaginação das crianças há tantas gerações.
O Natal é sempre uma época muito especial na Linum, mas este ano será ainda mais especial, pois os meses de isolamento e algumas perdas muito difíceis nos trouxeram uma maior reflexão sobre a vida e a vontade de regatar valores mais simples.
Esperamos que nossos pequenos enfeites, até mesmo pelo carinho com que foram feitos, venham alegrar e embelezar o natal de muitos, e que possam daqui a muito tempo trazer lembranças de um ano em que a esperança e o olhar sobre o futuro se revestem de novos significados para todos nós. Escrito por Isabel
Comments